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AF/ DF

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Ontem falava sobre o encantamento / alumbramento que algumas pessoas causam em mim. Uma espécie de  over empatia, a over admiração, dessas coisas que o outro é, te mostra e que te deixa boquiaberto com os olhos marejados de emoção em presenciar um ser tão especial. E aconteceu recentemente. Um desses encantamentos a primeira vista. O jeito de chegar, as palavras não pensadas, os interesses, a despretensão...  Lembro-me daquele domingo fomos ver um show no parque. O dia não foi perfeito pois um momento de desencanto aconteceu. Mas mesmo assim, continuei encantada porque sempre houve sinceridade da intenções e não intenções. Ainda que tenha quebrado o meu coração, aquela  conversa difícil e profunda foi das coisas mais importantes da vida. A sinceridade é essa coisa mágica, que muitas vezes machuca mas também me aquece. E nada será como antes. Agora eu tenho uma nova referência, a régua  mudou. E o espaço para pessoas "rasas", é cada vez mais restrito.  Agora

Heisenberg é um ótimo nome

Faz mais de dez anos e ainda sinto a sua falta. Saudades da parceria da caminhada, das nossas caminhadas. Lembro de quando o Rubinho ganhou a primeira corrida de F1, do nosso Brasil X Argentina, do qual não me recordo o placar. Da gente cruzando a cidade, de Osasco a São Caetano, passando pelo Pinheiros e Ginásio do Ibirapuera pra ver o Bernardinho, o Zé Roberto, os sérvios e os croatas. Das maratonas de filmes A, B, dos trashs e de Lost. Me recusei a ver o final. Você deve saber o que realmente aconteceu naquele vôo, naquela ilha. Eu só sei rumores de que deu a louca nos roteiristas. Das cartas nem sempre inelegíveis, mas sempre amáveis.Da letra de forma, do garrancho, escritos a lápis. Da caça a marcadores de página em todas as estantes de todas as bibliotecas. Da descobertas, discussões e fanfics sobre os nossos clássicos favoritos, nossos companheiros nas tardes de domingo na praça do relógio. Das nossas tardes de paz e cheiro de amora. De quando renomeávamos as ruas de Úrsula I

Mind the gap

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Era final da manhã de sábado, o momento em que acabava o rito/maratona iniciado na sexta-feira: sair da aula >> encontrarem-se >> “oi!” >> “hi, little stuff!” >> metro-casa (ou metro-cinema-casa), pizza >> “vamos dormir, temos de acordar cedo” >> “está passando algum jogo da NBA?” >> sexo >> dormir finalmente >> depois acordar >> carinhos >> risadas >> sexo >> atrasarem-se >> banho >> café da manhã >> metrô >> ele para sua aula >> ela para sua vida. Depois seguiam em sentidos opostos, após despedirem-se na plataforma da estação. Ele esperava ela embarcar, “ ladies first ”, sempre repetindo a máxima. Quando o trem dela se aproximava, ele a beijava e ficava ali do lado de fora do trem com aquela cara de cão sem dono, embora ela não tivesse propriedade alguma. Naquele dia, porém, o trem dele chegou antes e ela insistiu para que ele embarcasse primeiro, “você está atrasado”. El

Rindo na chuva

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Naquele sábado ela saiu para almoçar e resolveu caminhar pelas ruas do bairro. Sem roteiro, sem rumo, virando à esquerda e à direita guiada apenas pela intuição e pela curiosidade de sempre. O céu anunciava que talvez fosse melhor deixar o passeio para outro dia tendo em vista a chuva que ele desaguaria sem dó nem piedade (ou seria por dó e piedade?) e ainda assim prosseguiu. Caminhou por uns 20 minutos e a chuva então caiu numa chuverada gostosa. No início, apertou o passo, depois uma corridinha em busca de abrigo. Inútil  o esforço, o estrago era inevitável. E também pensou que era uma bobagem não aproveitar dessa dádiva de estarem ali, só ela e a chuva naquela rua. Desacelerou e continuou o passeio. Como a alma estava feliz com o banho, se esforçava para espantar os pensamentos de “ vou pegar leptospirose ”, “ vou ficar gripada ”, coisas que a mãe sempre disse sobre andar na chuva. E nessa luta interna (a alma ainda ganhando de lavada das vozes da mãe) foi detida por um al

Pelo amor de Kafka!

Ela entrou no ônibus e ficou ao meu lado. Era alta, loira e se vestia com discrição e elegância. Quando estava perto de descer percebi que ela ia desembarcar no mesmo ponto.  Tão logo a porta abriu, ela desceu, parecia com pressa. Mas logo estávamos caminhando pareadas, seguindo na mesma direção. Percebi pelos seus passos que seu elegante par de sapatos não era nem um pouco confortável.  Eu estava começando a pensar na minha fome, no que havia na geladeira, quando percebi que a minha companheira de caminhada levara um pequeno susto. Após o sobressalto, começou a caminhar andar atrás de mim e foi acelerando os passos até que agarrou os meus ombros vigorosamente, como se me usasse de escudo. E logo explica: —  Moça, desculpe. É que tem uma barata ali, ó.  ********** Dedico esta crônica cotidiana a minha querida amiga Andrea que prefere o quase atropelamento a esmagar uma barata com os pés.

Ainda nas aulinhas de inglês...

“They say life begins at forty Age is just a state of mind If all that's true You know that I've been dead for thirty-nine And if life begins at forty Well, I hope it ain't the same It's been tough enough without that stuff I don't wanna to be born again.” (John Lennon, The life begins at 40) “Forty is the old age of youth; fifty the youth of old age.” (Victor Hugo) Despite the pessimism of John Lennon (he would be in a midlife crisis?) and Victor Hugo's sentence 40 years of age are at an advanced age, several reasons make me optimistic about my age. It seems padoxal but even feeling the weight of age, in a way, I never felt so good about myself, with such vitality as now. It may be that to happen because I did not feel nor appear the age I am.  The elixir of youth may also be in the beginning that life imposed me a few years ago, dreaming dreams previously unthinkable, dreaming up new things.  Also, my dreams and ambitions are more conc

Bem sentidos

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Tenho dessas coisas de lembrar de cheiros. Os almoços de sábado da minha infância sempre são lembrados quando sinto cheiro de salsicha na fervura. E sempre que me lembro desses almoços me vêm o cheiro e o sabor da salsicha ao molho com purê de batatas. Hoje, ao pensar no carinho de um amigo que me ajudou com sugestões para o blog, lembrei da música Clube da Esquina 2, do Milton Nascimento e Lô Borges.  Também tenho a mania de, ás vezes, no meio de uma frase, lembrar de uma música relacionada a uma palavra ou expressão usada na frase. Pois bem, eu estava pensando sobre a retomada desse meu sonho que é o blog e me veio o verso da música “os sonhos não envelhecem”. Fui buscá-la no YouTube e acabei encontrando também o disco*, em que o original dessa canção foi gravado. E mesmo sonolenta não resisti à vontade de ouvi-lo todo. E, de repente, ainda nos primeiros acordes da primeira faixa, fui transportada para o ano de 1997, ano em que fui para a moradia estudantil, o CRUS