Pelo amor de Kafka!

Ela entrou no ônibus e ficou ao meu lado. Era alta, loira e se vestia com discrição e elegância. Quando estava perto de descer percebi que ela ia desembarcar no mesmo ponto. 

Tão logo a porta abriu, ela desceu, parecia com pressa. Mas logo estávamos caminhando pareadas, seguindo na mesma direção. Percebi pelos seus passos que seu elegante par de sapatos não era nem um pouco confortável. 

Eu estava começando a pensar na minha fome, no que havia na geladeira, quando percebi que a minha companheira de caminhada levara um pequeno susto. Após o sobressalto, começou a caminhar andar atrás de mim e foi acelerando os passos até que agarrou os meus ombros vigorosamente, como se me usasse de escudo. E logo explica:
—  Moça, desculpe. É que tem uma barata ali, ó. 

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Dedico esta crônica cotidiana a minha querida amiga Andrea que prefere o quase atropelamento a esmagar uma barata com os pés.

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